O FIM DE UMA ERA

31/03/2011 19:56

 

O futuro das pequenas empresas de comércio de medicamentos, trocando em miúdos, as pequenas farmácias e as pequenas redes, é com poucas expectativas de um quadro a melhor, o encerramento das atividades em pouco mais de um ano a partir de 2011. Tapam o sol com a peneira, aqueles microempresários que pensam que haverá uma modificação para melhor. Enquanto as pequenas redes com no máximo uma dezena de lojas, se arrastam comprando diretamente dos distribuidores, e com uma margem bruta não superior a 30% (trinta por cento), nos medicamentos éticos, as grandes redes negociando direto com o fabricante, podem aumentar esta margem em até 100% na grande maioria dos produtos, e em 500% ou mais em medicamentos genéricos e similares. Engana-se o microempresário, que pensa que pode se expandir, tendo por base de fornecimento de estoque de giro, os atuais preços praticados pelos distribuidores. Não há como competir, quando o próprio consumidor pode comprar o mesmo medicamento a preço de custo, nas grandes redes; o mesmo preço praticado pelos distribuidores que vendem para as pequenas redes e lojas individuais e que precisam colocar sua margem, a partir do valor de compra.

Ou seja, a margem de lucro de muitos medicamentos, começa a partir da metade do preço de custo, para as grandes redes, então é possível vender ao consumidor, pelo preço de custo cheio do distribuidor que vende à pequena rede, mas não à grande rede.

Almeja-se neste cenário, e justamente, um salário maior, quase quatro vezes mais que o recebido hoje pela classe farmacêutica. Sim, é justo, mas irreal. Mesmo caso do salário mínimo.

Em pouco mais de um ano, as únicas portas abertas, serão as das grandes redes, ou seja, o único mercado de trabalho que poderá absorver esta mão de obra qualificada serão os grandes comerciantes, aqueles que levantam o telefone e compram alguns milhões de Reais, diretamente do fabricante, numa conversa financeira e descontraída para distribuir em toda a sua rede de lojas a preços muito além do que se pode chamar de “competitivo”.

Um dos produtos mais consumidos em perfumaria, a tintura para cabelo, por exemplo, é facilmente encontrada, por preços inferiores aos praticados pelos maiores distribuidores deste País.

Excerto: “O Brasil desde 2007 entrou na mira das maiores cadeias americanas de farmácias, a Walgreens e a CVS. Segundo informações de mercado, as duas já teriam contratado bancos de investimento para negociar a compra de redes locais de farmácias. A CVS, um gigante com 6.200 lojas e receitas de quase US$ 80 bilhões por ano, a empresa tem capital para crescer engolindo redes menores; O mercado brasileiro desperta interesse porque está mudando de patamar. Em um dos últimos relatórios, dos últimos anos do instituto de pesquisa IMS Health, o Brasil aparece como um dos novos eldorados do varejo farmacêutico, ao lado de China, México e Turquia. Nos próximos anos, esses quatro países deverão roubar parte da importância dos EUA na venda de medicamentos prescritos (com receita médica). Há dois anos, metade das vendas ocorria nos EUA.

Então é isto. O Eldorado é apenas para os grandes, para o monopólio.

E logo a seguir, começam a enxergar o Sol mais escuro, as distribuidoras, por que as grandes não compram delas. Compravam seus parceiros, de longa data, os pequenos e médios, que não tem cacife para ir adquirir direto dos grandes laboratórios ou dos fabricantes de cosméticos e perfumaria.

E era com estes, com os pequenos e médios, que eles deveriam ter sentado, e conversado; o trabalho de venda on-line foi pouco ou insuficiente para apoiar o crescimento e a manutenção daqueles que eram de fato, seus parceiros.

Mas em vão seria qualquer conversa, por que o lucro dos distribuidores é o mesmo das grandes redes, e em épocas áureas, eles não abririam mão.

Soluções? Todos estão ávidos por opiniões, mas, por exemplo, ir para um bairro distante, longe das grandes redes, é apenas paliativo, e empurrar com a barriga um final pré-anunciado.

Especializar-se, não é para muitos, nem será tampouco uma solução, por que nenhum consumidor vai deixar de pagar um preço vantajoso para seu medicamento de uso contínuo, só por que uma loja é especializada no seu problema. A única especialização que pode gerar algum resultado é o oferecimento de serviços na área de dermocosméticos, e sua venda, mas também será um negócio arriscado, por que o dinheiro no bolso do consumidor é curto para cuidar da beleza. È coisa para grandes centros.

Trazer especialistas para atender no seu pequeno comércio de medicamentos, como promotoras de algum produto, usar o ambulatório para aplicações de botox com médico especializado, bonecos vivos em épocas festivas, como Páscoa, Natal, dia das mães, é tudo paliativo. São recursos mais ou menos desesperados para atenuar um mal ou adiar a crise; é um disfarce à quebradeira.

Sem contar ainda com aqueles que possuem o sistema de coopagamento – Farmácia Popular, os que possuem incentivos do Governo Federal. Mas mesmo assim, nas últimas evoluções do sistema de coopagamento, muitos medicamentos precisam ser antes, financiados pelo empresário, para depois receberem pelas suas vendas, por que se tornaram gratuitos. Quantos têm capital suficiente para manter isto? E por quanto tempo?

E, em breve, o próprio Governo Federal, começará a distribuir suas próprias unidades da Farmácia Popular, Brasil a fora, a semelhança do que já faz com a distribuição nos Postos de Atendimento à Saúde. Aliás, já existem muitas unidades exclusivas instaladas.

Aliado a uma das maiores cargas tributárias e fiscais, com vários impostos e emolumentos a serem pagos mensalmente e anualmente, “a uma baixíssima margem de lucro, com o elevado e em muitos casos excessivo grau de exigências dos órgãos reguladores, o baixo piso da categoria (que não mudará), a sindicalização que cobra e ameaça quem não quer ser sindicalizado, e outros órgãos que posam em suas revistas mensais em festas ao lado de presidentes "vitalícios"“, o comércio de medicamentos para pequenas empresas, deixa de ser vantajoso e vislumbra um era de quebradeira e fechamento de centenas empresas, que nem mesmo poderão ser absorvidas;

Sem preço para venderem aos clientes, aos grandes nada interessará sua pequena rede. Eles vão esperar você ficar inadimplente para entrar no seu ponto comercial.

Alguém ganha? Sim, o consumidor, inclusive, os próprios empresários, que após tudo isto, se tornarão consumidores de ansiolíticos e antidepressivos. E depois? Os preços serão mantidos por este monopólio? Só o tempo dirá, e quem sabe em dez anos, um novo ciclo de novos marinheiros com algum capital, se arriscará a investir no ramo, e fazer renascer das cinzas, alguns distribuidores do ciclo anterior, já que, por força maior, o brasileiro tem memória curta. Mas não é burro.

 

 

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